O Melhor e Pior de 2021
- Lucas Barreto Teixeira
- 29 de dez. de 2021
- 7 min de leitura
Eu gosto de coisas bregas. Clichês, obviedades sentimentalistas, nostalgia... o brega não precisa ser confrontado, mas absorvido em algo mais... além de si mesmo. E o que há de mais brega do que retrospectivas?
Muitas coisas aconteceram em 2021, tanto em minha vida particular quanto na profissional e na acadêmica. O que é engraçado ao comparar com 2020, um ano praticamente vazio e ocioso para mim, já que fiquei praticamente o ano inteiro sem estudar ou fazer algo além de jogar e ler, em um ritmo bem mais lento do que o normal. Cada um sente o efeito do tempo de forma particular, e é em tal particularidade que encontro o sentimentalismo nobre de retrospectivas: buscar algo em comum, embora tantas experiências possíveis em um período de tempo tão longo e tão curto ao mesmo tempo. Então vamos tentar criar um pouco de ordem nesse caos, em um texto espelhado em um dos meus favoritos escritos no antigo portal do Caderno.

Já com o espírito de renovação para o próximo ano, elaborei uma pequena lista, pensando em tudo o que joguei, li e vi produzido ao longo de 2021. No entanto, antes gostaria de despejar algumas pequenas palavras sobre outras coisas que aconteceram esse ano. Afinal, depois de tanto tempo parado parece que tudo aconteceu, e escrever aqui, compartilhando com vocês, queridos leitores, ajuda a colocar tudo em perspectiva. Primeiro, esse ano foi o ano em que inaugurei o novo site, uma escolha arriscada, pensando em tudo que havia conquistado previamente, mas algo que me orgulhou profundamente. Posso não ter os mesmos acessos, mas finalmente alcancei um ritmo saudável de produção de textos e até de vídeos, rendendo bons momentos no Caderno. Tudo isso, aliás, resultou em uma grande conquista pessoal, já que por conta de minha produção obtive experiência o suficiente para passar a fazer parte da equipe de redação da NintendoBoy, onde escrevo agora sobre diversos jogos.
Além disso, esse ano também iniciei meus estudos de Letras na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), após interromper minha graduação de filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De certa forma, sinto que caminho agora uma estrada mais condizente comigo, e espero que no futuro muito mais possa ser cultivado. Por último, gostaria de agradecer imensamente a todos os leitores e amigos queridos que compartilham e tanto apoiam esse projeto. Isso aqui não seria nada sem este apoio.
Vamos ao que interessa agora: a minha lista pessoal de melhores e piores do ano.
Algumas Considerações
Antes de tudo, acho importante deixar claro que esta lista representa uma opinião pessoal, resultado exclusivo de minha experiência este ano. Tenham isso em mente ao observarem um número pequeno de livros (já que li muito pouco dos lançamentos, passando muito tempo atualizando leituras antigas) e a falta óbvia de certos títulos (Venom com certeza é um dos piores do ano, porém não arrisquei-me antes da vacina a ir ao cinema assistir à tamanha bomba).
Gostaria também de deixar algumas menções honrosas (especificamente de séries que comecei mas ainda não terminei de assistir). Muito está me agradando, no momento: a segunda temporada de Segunda Chamada, Merlí "Sapere Aude" e a quarta temporada de Aggretsuko. Por outro lado, The Witcher e o livro secreto de Boba Fett não me animaram, a segunda muito provavelmente por um sentimento de cansaço em relação à franquia Star Wars.
Enrolei o suficiente. Agora sim, vamos começar.
Monster Hunter Rise

Enquanto alguém que ignorava por completo a existência da franquia de Monster Hunter, devo dizer que Rise me divertiu como poucas coisas são capazes. É muito fácil de se perder por horas nas missões cada vez mais desafiadoras impostas pelo jogo, que sempre deixam um gostinho de quero mais. É uma experiência mágica, que vale cada centavo, com atualizações constantes que nunca deixaram o jogo esfriar.
Cidade Invisível

É sempre ruim falar de produções brasileiras, mas no caso de Cidade Invisível isso é impossível. Mesmo se superarmos todas as questões mal trabalhadas de folclorização de religiões indígenas, mesmo se apaziguássemos todas as influências de Monteiro Lobato aqui explícitas e mesmo se deixarmos passar batido o olhar carioca que esvazia certos personagens... ainda teríamos de lidar com uma série corrida, mal roteirizada e de péssima conclusão dramática. A segunda temporada pode esperar um bom tempo antes de ser lançada. O elenco, contudo, trabalha bem, e talvez este seja um dos poucos elogios que possa ser feito aqui.
Persona 5 Strikers, Shin Megami Tensei III Nocturne HD Release, Shin Megami Tensei V

Precisei juntar os três lançamentos da Atlus desse ano em um pacote só primeiro para me limitar e segundo porque todos eles me proporcionaram experiências incríveis e singulares, ficando talvez no topo dos meus prediletos. Strikers é um musou, um jogo de ação no estilo "1 contra 100", que se passa após os eventos finais de Persona 5, expandindo os relacionamentos entre os membros dos Phantom Thieves e propondo uma reflexão interessante em cima das temáticas tratadas na série. Nocturne pode não ser um remaster bem feito, porém o jogo original é tão brilhante e tão cheio de personalidade que é impossível de não se encantar com as propostas narrativas embalado em uma trilha sonora ímpar. Shin Megami Tensei V, por fim, encerrou o ano com muita pompa e muita originalidade. A exploração do mundo é fantástica, o combate é repleto de charme e a história, apesar de fraca em comparação aos títulos anteriores, faz refletir por muito tempo após seu encerramento. É, sem dúvida alguma, já não sou capaz de deixar passar um título sequer da desenvolvedora após tanta qualidade em seus jogos.
Apague a luz se for chorar

O livro de estreia de Fabiane Guimarães emociona, faz pensar e cria uma imensa expectativa com os próximos passos da autora. Pessoal e familiar, desenha um quadro sobre o luto e sobre o amor familiar de uma forma muito intensa em poucas páginas, resultando em possivelmente uma das maiores estreias que já presenciei. Caso seja possível, recomendo com muito vigor que prestigiem a autora e que busquem suas impecáveis produções.
Death's Door

Ainda falando sobre o luto, Death's Door apresenta uma representação encantadora sobre o ciclo da vida, mergulhando na necessidade da morte e tecendo sutis comentários a respeito da precarização do trabalho enquanto forma de sucumbir aos ímpetos de gananciosos. Além de tudo, é uma experiência mágica enquanto jogo, misturando Zelda com jogos "Souls".
Marvel

Querida, Marvel. Esse ano tivemos várias produções suas, especialmente depois do atraso de várias no ano passado por conta da pandemia. Porém, querida Marvel, não tinha como dividir isso daí não? Sério, olha a quantidade de coisa que vocês lançaram! É, Homem-aranha foi legal sim, mas todo o resto desgasta tanto que... acaba perdendo a graça, sabe?
P.S. Suas séries realmente precisam melhorar. What If é bem ruinzinho, viu.
P.S.2. Eternos e Viúva Negra são beeeeeeeem ruins. Só isso mesmo.
Famicon Detective Club

Posso ser sincero? Esses dois Remakes muito possivelmente foram meus jogos do ano. A história de Sakamoto ainda é excelente, e a arte aqui feita é de cair o queixo. Coloco esse junto com Shin Megami Tensei e mais dois que ainda não apareceram...
Necrobarista

Necrobarista, por outro lado, fez tudo o que uma visual novel não deve fazer. Seu texto é monótono e a narrativa não anda, e a falta de interação do usuário com o jogo apenas o torna um livro ruim colocado em um jogo decepcionante.
Os Mitchells contra as máquinas

Desde o filme protagonizado por Miles Morales, o estúdio de animação da Sony vem atraindo muita atenção. Com o longa da família Mitchell contra máquinas criadas por um bilionário mimado, o potencial da equipe mostrou frutos, em um filme divertido, reflexivo e extremamente carismático e memorável. Aliás, em minha opinião ele ganha pontos por ter sido lançado em streaming, mesmo quando companhias como a Disney insistiam no lançamento em cinemas, contra a prudência e a saúde da população geral.
Encanto

Alerta de trocadilho: Encanto me encantou. A premissa é muito boa, o desenvolvimento é feito de forma inteligente e madura e a ambientação do cenário aquece nossos corações. Narrativamente falando, apenas a conclusão final me incomodou, por parecer ferir o próprio amadurecimento dos personagens, porém isso não atrapalha tanto a experiência. As músicas são boas e todo o pacote lembra os melhores filmes da Disney... contudo, perde ponto pelas políticas estúpidas da Disney quanto à relação de lançamento nos cinemas e em seu serviço de streaming.
The Great Ace Attorney Chronicles

Eis aqui meu terceiro jogo favorito do ano. A visual novel perfeita, equilibrando humor com engenhosidade narrativa e intertexto com comentários sociopolíticos. A fórmula adorável de Ace Attorney é traduzida de forma espetacular a uma Inglaterra vitoriana xenofóbica e ameaçadora, com personagens ricos e detalhados. Foi, por incrível que pareça, o título que mais joguei esse ano, e não me arrependo nem por um segundo de tão majestosa experiência.
É assim que se perde a guerra do tempo

Em uma guerra do tempo, duas agentes de facções inimigas se encontram em meio aos detalhes deixados como rastros, em cartas que rompem a fronteira do espaço e do próprio tempo, formando um amor impossível. No fim, não importa o quão confusa a sinopse pareça: o livro trata-se de uma história de amor escrita no universo, rompendo todas as fronteiras físicas e irreais, alcançando o único lugar que importa: o coração daquele que lê.
Unsighted

Unsighted vai ser descoberto e redescoberto por muitas pessoas ao longo do tempo. Esse metroidvania Zelda-like retrata a resistência final de vidas prestes a partir, em uma corrida contra o tempo para derrotar aqueles incapazes de reconhecerem o valor daquelas que precisam se libertar. É uma rara jóia.
Metroid Dread

Esse, eu acho que nem preciso falar. Metroid é uma das minhas franquias favoritas, e ver Samus voltar após tantos anos de forma tão espetacular realmente transformou Dread no melhor jogo do ano, em minha opinião.
Menções Honrosas
Seria injusto deixar de falar de mais alguns títulos. Deltarune, Loop Hero, Senciente nível 5, Homens Cordiais, Matrix, Sete Prisioneiros, Arcane e Evangelion 3.0 + 1.0 foram todos títulos maravilhosos e mereciam algum tipo de menção.
Agora, peço para que comentem seus "melhores e piores". E aí, discordam de algo? Concordam com tudo. De qualquer forma, agradeço mais uma vez a todos. E que 2022 tenhamos muito mais "melhores" que "piores"!
Muito bom o texto. Ja vi alguns dos títulos citados e vou procurar alguns outros. Um próspero ano novo!