O que me fascina em Metroid
- Lucas Barreto Teixeira
- 6 de mai. de 2021
- 3 min de leitura
Em 2021, o primeiro título da franquia "Metroid" comemora 35 anos. Mais que um jogo em plataforma, a obra se revelou, com um tempo, um verdadeiro clássico, estabelecendo um gênero completamente novo de exploração e aventura, protagonizado pela misteriosa e poderosa Samus Aran. Com sua icônica armadura alaranjada, capaz de fazê-la dobrar-se em uma bola, a personagem se via em um planeta desolado, vendo-se obrigada a explorar ruínas antigas em labirintos complexos, aumentando seu poder a cada inimigo derrotado. Depois de tantos anos, entretanto, a série se encontra em um estado singular, com fãs ansiosos pelo novo Metroid Prime 4, e sem muitos jogos para se aventurarem. Pensando nessas questões, resolvi voltar-me para os elementos principais da franquia, a fim de tentar entender o que me fascina nela. E vai saber, talvez pensar no passado possa nos entusiasmar para o futuro.

Eu me lembro bem da primeira vez que joguei Metroid. Já conhecia a Samus por conta de suas interações em outras séries, como Smash, e fiquei logo intrigado pela personagem. O mercado dos jogos, no geral, não é nada inclusivo, com tanta resistência de consumidores definitivamente estúpidos e pelas oportunidades de trabalho antiquadas. Mas pensar que já em 1986 uma personagem feminina protagonizou um dos títulos mais importantes da época fisgou logo minha atenção. No entanto, ao invés de começar pelos clássicos, resolvi começar com um título relativamente recente: Metroid Fusion, o que não demorou para revelar ser a melhor opção.
Tudo no jogo me sugou. A arte pixelada com tantos detalhes, os mapas alienígenas e estranhos, a presença sonora marcada pela tensão, a história e ambientação assustadora e terrivelmente solitária... são pouquíssimas as obras que me hipnotizam dessa forma, e esse título me agradou em absolutamente todos os sentidos. Naturalmente, não demorei para mergulhar nas outras obras, tendo jogado em exaustão a trilogia do Metroid Prime, além de Super Metroid e Zero Mission, o remake do jogo original. Com todas as considerações em mente, é possível afirmar que eu gosto bastante de Metroid.
O que me fascina em Metroid? É estranho responder essa pergunta de forma direta, ao mesmo tempo em que a resposta vem diretamente a mim no instante em que me transporto para esse universo. Existe algo de único nessa franquia, um estilo próprio talvez impossível de ser replicado. Porém, para chegarmos a esse elemento, talvez tenhamos de ver todo o resto.
Como havia apontado em certo momento, "Metroid" definiu um gênero. Ao lado de outro clássico, "Castlevania", influenciou incontáveis obras desde então, muitas vezes inclusive superando os originais. Hollow Knight e Axiom Verge, por exemplo, superam suas inspirações em ambientação, sistema de exploração, movimento e apresentam tramas muito mais complexas, com temas profundos e com narrativas bem mais atrativas. Algo, aliás, que essas obras captam bem é o mistério do cenário, criando histórias por meio dos visuais e de descobertas imprevisíveis no sistema de progressão não-linear. Apesar de seus inúmeros méritos, há algo de radicalmente diferente em tudo que não é Metroid. Isso não é um problema com outras obras, é claro, mas é daí que a força da franquia vem: de sua singularidade.

O que há em Metroid, então, que faz a franquia ainda ser lembrada e celebrada? Claro, suas inovações por si só já seriam méritos o suficiente para colocar a franquia em destaque, mas não há apenas isso. Creio que o verdadeiro charme de Metroid não está em seus mapas confusos, nos personagens icônicos ou nas músicas memoráveis. Essas obras despertam tanto fascínio, no fim, pela forma como elas contam as histórias. Não há obviedades ou diálogos de exposição nesses jogos, apenas a solidão e a coragem de Samus. A fúria da personagem não é encenada, mas passada pelas batalhas intensas e brutais. O terror não é explícito, mas criado em uma tensão crescente, fazendo o público passar por algum sentimento ao invés de apenas demonstrá-lo.
O que me fascina em Metroid é a sua forma. Seu estilo próprio de narrativa, estruturado por tantos detalhes no cenário e realçados pelo sentimento de solidão que cativa e o torna tão único. A franquia, por si só, precisa agora alcançar novas pessoas, encantando-as com seu passado, para poder brilhar no futuro.
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