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Overboard!

  • Foto do escritor: Lucas Barreto Teixeira
    Lucas Barreto Teixeira
  • 3 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

Overboard! é o novo jogo de Inkle Studios, um suspense em alto-mar onde controlamos a assassina, criando pistas falsas para possíveis investigações ou acumulando cada vez mais mortos. Anunciado e lançado ontem, dia 02 de junho, para Switch, mobile e computador, o jogo apareceu como uma agradável surpresa, após pequenas pistas deixadas pelos desenvolvedores em seu curto período de criação. Em todo caso, o anúncio súbito e a premissa do título logo chamaram minha atenção, e soube de imediato que precisava colocar minhas mãos nele.

A novela policial tem uma estrutura clássica. Um crime sem pistas, todos personagens suspeitos e um detetive capaz de tudo para revelar a verdade. Overboard! flerta com o estilo da forma mais essencial possível, a partir de um crime passional cujas consequências se desenrolam a partir dos vários relacionamentos da vítima com os suspeitos, só que com um elemento capaz de diferenciá-lo: aqui a narrativa se passa pelo olhar da assassina. Veronica Villensey, na última noite à bordo da embarcação SS Hook, leva seu marido, o aristocrata falido Malcom Villensey, até o deque principal, onde o atira em direção ao oceano. Na manhã seguinte, acorda receosa, sendo obrigada a acobertar seu crime hediondo, ludibriando passageiros ou, até mesmo, executando-os.

O jogo em si é um grande quebra-cabeça. Desde o primeiro diálogo, devemos realizar uma série de escolhas para eliminar a suspeita em Veronica, até um determinado instante em que os passageiros se reúnem para discutir o assassinato, podendo resultar na prisão da protagonista ou em sua liberdade. O ciclo de eventos, contudo, reinicia a cada final, sempre instigando-nos a descobrir nossos pisos em falso e como amarrar as pontas soltas do crime.

Repetir os eventos desperta uma vontade de aperfeiçoar o final, já que a cada escolha Veronica encontra um destino diferente. Para tal, os desenvolvedores fizeram duas escolhas muito interessantes: primeiro criando rotas claras para cada personagem, que a cada vez pode mudar pela performance da assassina, e depois tornando possível executar todos os personagens dentro da embarcação. Dessa forma, um empecilho de uma determinada rota pode ser subitamente eliminado, apesar de criar novos conflitos e mais desafios para Veronica se desviar.

A narrativa por si só já pode ser considerada extremamente interessante e instigante, mas pela estética ela se torna poderosa. A arte dos personagens é sugestiva, relembrando os personagens-tipo clássicos de novelas policiais, seja pela Veronica em si, com sua postura austera e confiante, ou pelos coadjuvantes, cada um com um papel clássico, como o militar reformado que se pauta pela lógica para desvendar diversos mistérios ou a senhora de classe que, amargurada pelos pesares da vida, esconde-se na embriaguez. A música, de forma semelhante, realça tais inspirações, com a trilha composta por clássicos da época que misturam noir com adrenalina.

O título ainda reúne momentos cômicos que aliviam a tensão da trama. O melhor exemplo encontra-se na igreja dentro da embarcação, onde Veronica é capaz de conversar com "deus" (ou sua consciência?), pedindo conselhos e orientações que podem ou não facilitar sua vida. Há ainda alguns trocadilhos deixados ao fundo, como o próprio nome SS Hook (Hook pode ser traduzido para "isca", e em inglês é possível dizer que devemos "get off the Hook", expressão que pode ser traduzida para "escapar da isca", ou "sair de uma enrascada", criando uma referência entre o objetivo do jogo e o nome da embarcação). Porém, mais interessante que isso é desvendar os segredos carregados por cada tripulante, agindo por meio de rumores e fofoca para alcançar, enfim, a verdadeira natureza de cada personagem. É um exercício realmente interessante, possível apenas com o estilo de jogo implementado com a relação de horários.

No fim, Overboard! passou de jogo inexistente para obra de verdadeiro deleite do dia para a noite, o que nunca poderia ser desagradável. Pelos ciclos curtos, repetir a narrativa nunca se revela desgastante, com diversas opções para diferenciar um turno do outro, e com intrigas de sobra para despertar a vontade de jogar sempre mais uma vez. Apesar de já ter outros títulos muito bem recomendados, confesso que apenas agora o nome do estúdio Inkle apareceu para mim, e já tenho vontade de visitar seus outros títulos!



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